Localizado bem no coração da Zona Norte, a 3 minutos do Metrô Carandiru, quem frequenta o Parque da Juventude, pode não se lembrar que há 30 anos, aconteceu um dos maiores massacres penitenciários na história de nossa cidade.
O Complexo Penitenciário Carandiru foi inaugurado em 1956 e durante quase 50 anos, foi considerado o maior presídio da América Latina, chegando a alojar quase 10 mil detentos. Em 1992, ocorreu o famoso massacre, após uma rebelião, matando 111 pessoas. Após o atentado e do acontecimento marcante, o Governo de São Paulo resolveu desativar o prédio, que foi parcialmente demolido em 2002.
Presente na memória dos paulistanos um pouco mais velhos, esse lugar que foi marcado por dor, tristeza e tragédia, é a prova que dá para ressignificar espaços públicos e educar o olhar do cidadão paulistano a ocupar um espaço do qual ele pode ser inserido.
Seis anos depois do atentado, em 1999, o Governo promoveu um concurso público à concepção arquitetônica do local, aliada a 16.000 mil metros de Mata Atlântica, em um espaço de 240 mil metros quadrados.
O projeto contemplou o local com 3 áreas: central, esportiva e institucional. As ruínas, muralhas, celas e os pavilhões foram preservados. Nos pavilhões 4 e 7, funcionam duas escolas técnicas ( as ETECS), o ACESSA SP, onde o munícipe pode acessar a Internet de forma gratuita, com mais de 100 computadores disponíveis para a população.
A Biblioteca SP, inaugurada em 2010, possui mais de 30 mil livros disponíveis, kindles, audiobooks, filmes, revistas, jogos, área de convivência e um lindo terraço. Foi finalista do The London Book Fair International Excellence Awards 2018, na categoria Melhor Biblioteca do Ano e vencedora da categoria Prêmio Construção Institucional IAB SP 2010.
O Parque da Juventude é um dos mais frequentados de São Paulo; cerca de 80 mil pessoas mensalmente passam o tempo por ali. É o caso do terapeuta Luis Souza Ludic:
“Estou frequentando o parque há algum tempo. Gosto muito daqui. O tamanho dele é bem interessante, bem legal. Tem brinquedos para as crianças. Trouxe a minha sobrinha hoje e geralmente venho com a minha filha. As crianças adoram. Como todo parque público, precisa de um acabamento mais fino, porque as coisas começam a parecer um pouco mais desgastadas, mas não acho que seja nada bem complexo de se fazer. Gosto de caminhar aqui também. Costumo vir de manhã com a minha esposa ou sozinho, sem a minha filha para caminhar. Reparei agora que tem quadra para praticar esportes, as de tênis estão legais e as de basquete precisam ser reformadas. Mas, no geral, se for para dar uma nota de 0 a 10, eu daria 7”, afirma.
Mesmo com espécies de árvores nativas da Mata Atlântica e um local perfeito para se fazer caminhada, há quem tenha outras percepções. É o caso do turista de Curitiba e vendedor, Diego Abranches de 29 anos:
“O parque é muito bom. Acho que deveria ter um pouquinho mais de policiamento. Já ouvi muitos casos de roubo de celulares, mas de um modo geral é bom. Curitiba é famosa por ser considerada limpa, mas aqui é semelhante ao de Curitiba, o parque é limpo e as pessoas são bem atenciosas, principalmente quem trabalha na biblioteca”, conclui.
Em 2018, o Parque da Juventude foi rebatizado para Parque da Juventude Dom Evaristo Arns, em homenagem a um dos maiores defensores dos direitos humanos no Brasil, conhecido por seu intenso trabalho em causas sociais, lutando contra a fome, desigualdade e combate à pobreza.
O Parque da Juventude está localizado na Avenida Cruzeiro do Sul, 2630 - ao lado do metrô Carandiru
Os horários de funcionamento são: Diariamente das 06:00 às 18h00 Horários da Biblioteca: De terça a domingo e feriados, das 9h30 às 18h30 A entrada é GRATUITA
Reportagem: Caroline Rossetto
Este projeto foi realizado com o apoio da 5ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo
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